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O tempo parece voar.
Dou por mim, hoje, uma semana depois, a pensar no dia "P". No momento.
Um dia que foi programado, pois o peso estimado da nossa princesa era demasiado para um parto normal. Puro engano do ecografista, pois a Francisca pesava, quando nasceu, 3410 g e media 48,5 cm. Grande, mas não tanto!
Chegámos à Maternidade às 9h00, numa manhã cinzenta que continuou cinzenta até ao dia de irmos embora. Podia fazer um à parte para considerações sobre o estado do tempo ("a chuva abençoa"), a data ("casou os números"), mas fica para outra vez.
Dizia eu, chegámos à Maternidade e inscrevi-me nas urgências. Sem ninguém à minha frente, restava-me esperar pela enfermeira e pelo médico. Preenche-se o processo, últimas observações, e lá vou eu para o próximo piso. Cada vez mais próximo do "momento".
Ainda assim esperei, cheia de fome (sem comer desde a meia-noite), com o soro a correr. Pela hora. 14h45
14h45, vêm buscar-me.
Um beijo ao pai Tiago.
Entrada no Bloco.
Estava frio.
As pernas tremiam-me. Não sei se do frio, se da ansiedade.
Não havia volta a dar-lhe. Dentro de momentos ia ver a minha filha. A espera tinha chegado ao fim - 39 semanas e 5 dias.
Não senti nada. Não vi nada. Consequências da anestesia geral, pois claro.
15h30. Acordei. Custou-me respirar, recordo-me agora. Como se estivesse a regressar de um longo mergulho em apneia.</p>Do meu lado esquerdo lá estava Ela, a nossa Princesa, a nossa Filha, A MAIS-QUE-TUDO, de olhinhos abertos, vestida, com um cheiro inebriante, impossível de esquecer.
E o pai Tiago ao lado, que já tinha apreciado um momento semelhante.
Levaram-me para o quarto. Num resto de tarde chuvosa, sonolenta, a acompanhar o meu estado de dormência-latência e excitação por ter uma bebé tão linda ao meu lado.
Depois as dores - nos pontos.
O soro - uma espera interminável para mo tirarem.
A sede - e eu sem poder beber água.
Mas o relógio foi meu amigo e as primeiras 24 horas voaram, e com elas as dores diminuiram, a sede matou-se e voltei a comer.
A minha vida mudou no dia 8 de Agosto.
Fui mãe.
Sou mãe.
Posso mudar de casa, de cidade, de país, de emprego, até de marido, mas nunca mais vou deixar de ser mãe.
E, pelo que tenho apreciado, é maravilhoso. Ser mãe.
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